quinta-feira, 21 de maio de 2020

10º Dia (19/08/2008) - Cusco

Acordei o dia estava amanhecendo. Nada mal para uma noite dormida em um ônibus. Levantei para ir ao banheiro e passei pelos assentos da galera para saber como estavam. Todos tinham dormido bem, exceto a Neca, que estava com a gastrite atacada e não pregou o olho a noite toda. Era quase 8h quando a comissária passou recolhendo os travesseiros e cobertas e outra passou servindo o café da manhã: um pão com presunto e queijo muito bem embrulhado e café ou chá para acompanhar. Melhor que muitos “desayunos” que tivemos.
Logo após o café, começou a passar o filme “Sonhadora” (ou “Sonador” já que o filme passou em espanhol) com a Dakota Fanning. Assim que o filme acabou, as comissárias organizaram um bingo, cujo prêmio era uma passagem para Lima, pela Cruz Del Sur. O bingo corria animado, quando de repente, surge um vencedor. Um não, três! Houve um empate entre eu, o Xykão e uma garota alemã. Como não teríamos tempo de ir a Lima, cedemos nosso prêmio de bom grado.
Com 1h de atraso, chegamos a Cusco quase às 11h da manhã. 

Cusco
Cusco, em espanhol Cuzco, em quíchua Qosqo ou Qusqu, está situada no sudeste do Vale de Huatanay ou Vale Sagrado dos Incas, na região dos Andes, com população de 300.000 habitantes e 3.400m de altitude. É a capital do departamento de Cusco e da província de Cusco. Seu nome significa "umbigo", no idioma quíchua. Cusco era o mais importante centro administrativo e cultural do Tahuantinsuyu, ou Império Inca. Se no passado a capital do Império Inca foi um importante centro de peregrinação, na atualidade, ela é ponto de encontro de viajantes de todos os cantos do planeta que estão em busca de cultura, aventura e festa.



A cidade é cheia de ladeiras, ruas estreitas e casas muito simples. Após um desce e sobe sem fim, chegamos até a rodoviária, que estava mais para posto rodoviário, porque era muito pequena. A atividade turística é o que move a economia de Cusco, e percebemos isso logo que descemos do ônibus. A pequena rodoviária estava abarrotada de gente com folders de hotéis, albergues, passeios, restaurantes, etc. A insistência de algum deles chega a incomodar.
Saímos da rodoviária com as mochilas nas costas e um monte de folders nas mãos. Um deles tinha um mapa do centro de Cusco e aparentemente, a Praça das Armas não estava muito longe. Ao chegar lá, procuraríamos um hotel/albergue. 
Seguimos caminhando em direção a Praça das Armas, com as mochilas nas costas e sentindo novamente a dificuldade de se estar em elevada altitude. À medida que nos aproximávamos do centro, não havia mais nada daquela paisagem simples e pobre que vimos quando chegamos. Parecia outra cidade. Dizem que quando os conquistadores espanhóis conquistaram a região, destruíram boa parte das edificações incas que viram pela frente. Depois, para reforçar sua soberania, levantaram prédios nos estilos barroco e renascentista sobre suas ruínas. O curioso é que dessa guerra surgiu uma arquitetura própria, que mistura muros de rocha incaicos com casas coloniais e suas típicas sacadas de madeira entalhada. Era impressionante.
Passamos pela rua mais popular de Cusco, Hatunrumiyoc, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, onde está o Palácio Arzobispal (atual Museu de Arte Religiosa). É onde fica o famoso muro que serviu de base para a construção espanhola, uma obra-prima de pedras gigantes milimetricamente recortadas e encaixadas. 
Enfim, chegamos a tal Praça das Armas ou Plaza Mayor de Cuzco. É bem conservada, há uma bela fonte no centro e flores por todo lado. As duas igrejas, La Catedral e Compañía de Jesus, dominam a paisagem, assim como as enormes montanhas ao fundo, bem próximas. Nas laterais do retângulo estão vários restaurantes, alguns hotéis e agências.
Sentei numa escadaria e enquanto a Lorena, o Xykão e o Rhaverton saíram em busca de uma hospedagem, eu fiquei ali mesmo, vigiando as bagagens, contemplando a paisagem e descansando. Passado alguns minutos, eles voltaram com algumas opções de hotel: um caro demais, outro ruim demais, outro sem água quente. Todos eles na Praça das Armas. Decidimos sair da praça e acabamos encontrando um hostal muito bom, chamado Hostal Qosqo, que fica no Portal Mantas, praticamente na rua de trás da Praça das Armas. Atendia a todos nossos requisitos, tinha café da manhã e internet, e aceitava cartões de crédito. A localização é muito boa, fica em cima do Centro de Informações ao Turista e tem um mercadinho do lado. Recomendo!
Nos acomodamos e saímos a procura de um lugar para almoçar, pois já se passava das 14h. Mal saímos do hostel, paramos num lugar chamado “Trattoria Adriano”, logo na esquina. Lugar aconchegante, atendimento excelente e a comida era maravilhosa. Um verdadeiro achado!




Após o almoço, o Xykão e o Rhaverton foram descansar. Eu e a Lorena fomos na agência que tinha nos vendido o passeio a Machu Picchu para acertar a diferença e saber os detalhes do passeio. O Brad foi conosco. É claro que é possível chegar a Cusco e comprar o passeio sem muita antecedência, como o Brad fez. Mas os tickets do trem são limitados, e corre o risco de ter que esperar um ou dois dias para conseguir conhecer as ruínas. Como nossos dias estavam contados e não queríamos correr o risco de estar em Cusco e não ir à Machu Picchu, reservamos nosso passeio desde o Brasil.
A agência que compramos, Inca Peru Travel, foi a mesma que vendeu a trilha inca para o Xykão e o Rhaverton. Negociei praticamente tudo pelo MSN com o dono da agência, Sr. Rimber. O passeio que incluía o translado do hotel à estação de trem, o ticket do trem até Águas Calientes, o ticket dos microônibus até Machu Picchu, a entrada nas ruínas, um guia, o ticket de volta, e o translado ao hostel custava US$250,00 para não-estudantes e eu paguei 50%, no cartão de crédito, ao fazer a reserva. É claro que comprar cada um dos tickets separadamente sai bem mais barato, mas também dá muito mais trabalho e exige tempo, coisa que não tínhamos.
A agência não era muito longe, então fomos a pé mesmo, aproveitando os poucos momentos em Cusco para apreciar a riqueza cultural da cidade. Chegamos na agência, o próprio Rimber nos atendeu. Ele era um sujeito simples, muito educado e atencioso. Como eu tinha carteirinha de estudante, paguei US$70,00 de diferença, ou seja, meu passeio saiu a US$195,00. O Brad conseguiu comprar o dele para o mesmo dia, e conseguiu um preço bom também. Saímos de lá satisfeitos.
O Brad pegou um táxi rumo ao aeroporto para ver se conseguia um vôo de volta a Santa Cruz. Eu e a Lorena continuamos seguimos caminhando pelo centro de Cusco, passando por várias igrejas, praças e monumentos, até que paramos diante de uma confeitaria muito elegante, que eu não lembro o nome. Entramos e ficamos maravilhadas com o bom gosto da decoração e principalmente, com a aparência das guloseimas. Nenhuma das duas estava com fome, mas devoramos uma salada com sorvete, iogurte e uns cereais que estava simplesmente divina.



Saímos de lá e continuamos a caminhar pela cidade. Decidimos procurar um supermercado a fim de comprar sanduíches para levar à Machu Picchu, pois lá dentro não há restaurantes, mas acabando comprando as coisas no mercadinho próximo ao nosso hostel mesmo. Na volta para o hostel, aproveitei para ligar para casa e saber como as coisas estavam.
Chegamos ao hostel já estava anoitecendo. A Neca, que tinha dormido praticamente o dia todo, estava nos esperando. Tomamos um bom banho e descansamos por uma horinha, até que os meninos apareceram para irmos jantar. Estava muito frio, então saímos empacotados em direção a Praça das Armas, que é muito mais bonita à noite. Sua iluminação é um espetáculo a parte. Passamos por algumas lojas e depois seguimos em busca de um restaurante. De repente, estávamos rodeados de peruanos, cada um tentando nos arrastar para algum restaurante. No começo é engraçado, mas com o tempo isso vai se tornando uma chateação. Assim que notam que você é turista (o que não é difícil), grupos de peruanos lamentosos lhe cercam querendo vender de tudo. 




Depois de muito escolher, acabamos em uma pizzaria na Praça das Armas mesmo, que não era das melhores. Terminamos de jantar e voltamos para a praça a fim de procurar algo mais animado para fazer.
Não é à toa que Cusco tem a fama de ser festeira. As melhores boates de Cusco ficam nos arredores da Praça das Armas, e não cobram entrada. Outro atrativo é que, na grande maioria, a primeira bebida é de graça. A primeira boate que fomos foi a Mama África, muito conhecida entre os mochileiros. A decoração da boate faz referência a África, com suas paredes pintadas e alguns bichos empalhados. As mesas de madeira dão um ar rústico, e a iluminação fica por conta de velas.
Como chegamos cedo, a boate ainda estava vazia e a pista de dança ainda nem estava liberada. Sentamos numa mesa e fomos experimentar a cerveja local: Cusqueña. É boa. Ficamos lá uma meia hora e saímos, pois tínhamos a intenção de conhecer mais algumas boates.





A segunda boate que fomos chamava Mytology. Tinha uma decoração bem legal também, fazendo referencia a seres mitológicos. Era uma grande pista de dança, e estava lotada. Tinha gente do mundo todo, e a música corria animada. Ficamos lá um bom tempo. 



Decidimos sair da Mytology porque estava muito abafado lá. Saímos e fomos para uma terceira boate, chamada Extrem. Não ficamos lá nem 15 minutos e saímos em direção a outra boate, que não lembro o nome. A boate era legal, tinha um povo bonito, mas acabamos ficando pouco tempo. Já era quase 1h e estávamos todos exaustos.

** Gastos do dia:
(Cusco)
- Almoço – S$26,00
- Sobremesas – S$11,50
- Lanche p/ Machu Picchu – S$54,00 (Sl$13,50 p/ cada)
- Diferença Passeio Machu Picchu – US$70,00
- Ligação para Brasil – S$1,50
- Pizzaria – S$17,00
- Hotel Qosqo – US$40,00 (US$13,34 p/ cada)

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