sábado, 16 de maio de 2020

5º Dia (14/08/2008) - Copacabana: Isla Del Sol

A noite tinha sido difícil. Fez muito frio, e por isso, os aquecedores ficaram ligados a noite toda, deixando o ar quente e seco, dificultando ainda mais a respiração. Foi a primeira vez que a altitude realmente me incomodou.
Levantei cedo, terminei de colocar as coisas no mochilão e fui tomar o café da manhã. Acertamos as diárias no Hotel Condeza e saímos pra pegar o ônibus, que estava nos esperando na rua de cima do hotel. Só pra variar, estávamos atrasados e o motorista estava só esperando a gente.
Entramos no ônibus e cada um se acomodou como pode. Como havia dormido mal a noite, aproveitei a viagem para recuperar o sono perdido. Não sei quanto tempo durou a viagem (acho que aproximadamente umas 2h), mas acordei quando já estávamos chegando ao estreito de Tiquina, a passagem que liga a parte maior e menor do Lago Titicaca.
No povoado de Tiquina é necessário descer do ônibus para a travessia. O ônibus vai de balsa, e os passageiros vão de barco, e para realizar essa travessia tem que pagar uma pequena taxa de navegação de Bs$1,50. Ficamos maravilhados ao avistar o Lago Titicaca pela primeira vez.




Lago Titicaca
O Lago Titicaca está localizado entre o Peru e a Bolívia. É o lago navegável mais alto do mundo, está a 3.809 metros sobre o nível do mar, com uma superfície de 8.560 Km2, tendo um comprimento de 194 Km e uma largura média de 65 Km, na Cordilheira dos Andes. Nas áreas onde a profundidade ultrapassa os 25 m, as águas têm um cor azulada e nas menos profundas a cor é esverdeada, dada pelas plantas aquáticas. A origem do nome Titicaca é desconhecida; foi traduzido como ‘Pedra do Puma’, combinando palavras da língua local Quechua e Aymara”

Fizemos a travessia do estreito encantados com o Titicaca. Lindo, imenso, frio. 




Ao desembarcar é necessário fazer um controle de passaportes, pois Copacabana está muito próxima da fronteira da Bolívia com o Peru, mas é tranqüilo. De volta ao ônibus, seguimos em direção a Copacabana, quase uma hora dali.

Copacabana
Construída ao abrigo de dois importantes cerros, o Cerro Calvário e o Niño Calvário (denominado também Kesanani), a Cidade de Copacabana, localizada na margem do Lago Titicaca, a 3.841 metros acima do nível do mar e distante 155 km de La Paz. O nome deriva da expressão 'kota kahuana' do dialeto Aymara, que significa 'vista do lago', segundo alguns, e ‘mirador da pedra preciosa’, segundo outros. É uma cidade cuja história é ligada à religião e aos rituais em homenagem ao sol e à lua, desde a época dos incas. É considerada um Santuário para os católicos residentes na Bolívia, centro de peregrinação e devoção, e destino de lazer famoso entre os turistas. 

O ônibus parou no centro da cidade. Uma confusão de guias tentando encontrar seu pessoal e passageiros tentando encontrar suas bagagens. Com as mochilas já nas costas, encontramos nosso guia, Juan Carlos, que nos levou caminhando até nosso hotel. Não era longe, mas por causa da altitude, a caminhada não foi fácil.



Chegamos ao hotel quase morrendo. O hotel, chamado Hotel Utama, era muito aconchegante e de bom gosto, o que me surpreendeu, porque a diária e as refeições estavam incluídas no pacote. No hall de entrada, havia um ambiente de descanso, com sofás e uma mesinha com chá de coca disponível o tempo todo. Era decorado com bandeiras de diversos países, inclusive do Brasil. Os quartos ficavam em volta, em 2 andares e também eram bem agradáveis. 
Já era quase 12h e o barco com destino a Isla Del Sol estava previsto para sair às 13h. Só deixamos as coisas no quarto e descemos para o restaurante para almoçar. O almoço do hotel também surpreendeu. Primeiro serviram uma sopa acompanhada de um pãozinho. Depois veio uma saladinha. E depois o prato principal, que você podia escolher entre frango, pejerrey ou truta. Escolhi a truta que é o prato mais famoso da região e não me arrependi. Simplesmente MARAVILHOSA!! Ela veio acompanhada por arroz, verduras cozidas e uma batata frita, e ainda tinha uma laranja decorada com um tomate cereja. Só tivemos que pagar pelas bebidas.




Um fato curioso: não se pode repetir as refeições. Eles têm exatamente um prato para cada pessoa, baseando na quantidade de hóspedes. Então mesmo se você quiser pagar por mais uma refeição, eles não tem para servir.  
Terminamos de comer e nos encontramos com o Juan Carlos, que já estava agoniado, pois estávamos atrasados. Fomos caminhando até o pier, onde um barco nos esperava. Tínhamos a opção de ir embaixo, dentro de uma cabine, ou ir em cima, apreciando a paisagem. O barco estava cheio, e no meio da multidão encontramos uns brasileiros, cariocas. Ficamos conversando e rindo das historias deles durante todo o caminho, que durou quase 1h. Apesar do vento muito frio, estávamos bem animados com o passeio, pois a Isla Del Sol é a ilha mais famosa do Titicaca. 



Isla Del Sol
Isla del Sol é uma ilha no lago Titicaca, pertencente à Bolívia, sendo seu acesso feito pela cidade de Copacabana. Tem área de 14,3 km² e é a maior ilha do lago. A ilha, antes chamada de Isla Titicaca, era sagrada para os Incas. Nela eles construíram santuários e templos dedicados ao Deus Sol. Há mais de 180 ruínas na ilha, sendo que a maioria delas data do período Inca, século XV. Descobertas de arqueólogos indicam que há moradores na ilha desde cinco mil anos atrás.

Ao chegarmos, a ilha estava lotada de turistas. Cada grupo seguia o seu guia, que ia explicando os detalhes históricos daquele lugar. O Juan Carlos contava as histórias como se as tivesse vivido. Algumas palavras ele falava em aymara, e apontava para a paisagem dizendo: "Mirem amigos..." O cenário era realmente impressionante. Enigmático, de cores muito intensas, das roupas dos nativos, do verde da ilha, de suas flores, do intenso azul do céu e do lago. Vale muito a pena.




A ilha tem dois lados: Challapampa, o norte, e Yumani, o sul. Yumani é a principal entrada da ilha, e foi por onde chegamos. Logo à sua frente está uma grande escada pré-colombiana, que conduz todos à Fonte da Juventude. A subida é difícil, paramos várias vezes até chegar ao topo. Chegamos à Fonte da Juventude, escutamos atentos as explicações do Juan Carlos. “A Fonte tem três jorros, e cada um deles se refere a uma das três máximas incas. Ama K'ella: não seja preguiçoso. AmaLlulla: não seja mentiroso. Ama Sua: não seja ladrão.” Ninguém teve coragem de provar da água, por mais tentador que fosse a idéia de juventude. O Guia Criativo Para o Viajante Independente na América do Sul e vários outros relatos dizia pra não beber água em fontes naturais, porque elas podem estar contaminadas, causando a conhecida “diarréia do viajante”. Para alguns não chega a fazer mal, mas melhor não arriscar...
Continuamos a subir pelas montanhas cheias de plantações e um perfume único, que segundo o Juan Carlos, aliviava o efeito da altitude. Crianças vinham correndo em nossa direção para vender-lhe um artesanato, levando llamas e alpacas para um passeio, ou insistindo para tirar uma foto. Caí na bobeira de tirar foto de uma e ela ficou no meu pé até eu pagar Bs$2,00 pela foto.



Os habitantes da ilha vivem, apesar da terra árida, do cultivo de arroz e batatas e da criação de ovelhas e lhamas. A principal fonte de renda vem da agricultura, subsidiada pela pesca e pelo turismo. A ilha atualmente é povoada por cerca de 3000 indígenas de origem quechua e aymara, dedicadas ao artesanato e ao pastoreio. Dormir na Isla Del Sol é uma opção, para quem quer passar mais tempo conhecendo as atrações. Mas há poucas pousadas e são bem precárias. Também é possível alugar algum cômodo da casa dos moradores, que cobram Bs$15,00 por uma noite de sono. Sinceramente, acho que não é necessário. Dá pra conhecer tudo, sem precisar dormir por lá. E a estrutura de Copacabana é bem melhor. 
Seguimos em direção ao Challapampa, ao norte, onde há um pequeno museu com peças de origem inca, artesanatos e fotos. Depois de uma caminhada surge a Pedra Sagrada, uma rocha sagrada para os tihuanacos e incas, que foi usada há muito tempo para sacrifícios. 
Continuamos nossa caminhada dando a volta pela ilha, voltando para a parte sul, em direção ao Pilkokayna. É o nome da ruína de um palácio Inca construído em 1380. O Pilkokayna possui 12 salas representando os 12 meses do ano. Numerosos recintos e pátios intercomunicados, características arquitetônicas próprias dos incas. Muito interessante. De lá, descemos por um caminho que já levava de volta ao píer. O barco sairia 17h30.





No barco de volta, só estavam nosso grupo e os três cariocas. Aparentemente, o restante dos turistas decidiram passar a noite na ilha. Dessa vez decidimos ir na parte de dentro. Estava muito frio.
Quando chegamos em Copacabana, A Lorena, a Neca o Birruga e o Brad foram desbravar o comércio. Eu fui com o Xykão pro hotel, porque ele estava passando muito mal, com febre. Ele tomou um banho, tomou um antitérmico e um analgésico e dormiu. Eu fui pro meu quarto descansar um pouco também, meu joelho ainda não estava 100% recuperado. O pessoal voltou quase na hora do jantar, cheio das aquisições. 
Descemos pra jantar, o Xykão estava um pouco melhor. O jantar foi do mesmo estilo do almoço, só que dessa vez escolhi o pejerrey como prato principal. Muito gostoso também. Ficamos conversando um pouco no hall de entrada, depois todos subiram para os seus quartos para descansar.



** Gastos do dia:
- Balsa – Bs$1,50
- Bebida almoço – Bs$6,00
- Entrada Isla Del Sol – Bs$5,00
- Foto Cholita – Bs$2,00
- Ligação para Brasil – Bs$8,40

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